sábado, 7 de agosto de 2010

Homem?

Antes de mais nada, gostaria de deixar claro: eu gosto de homem, e muito. Gosto das suas mãos, dos seus pelos, do pomo de adão, da forma dos pés. Adoro suas vozes grossas e o cheiro de suas peles. Sempre gostei de ter um homem pelado na minha cama, no meu banheiro. Intimidade com homem é o que há de bom. Gosto demais de aprender a ser prática com eles. Prática nos sentimentos e conclusões, porque no dia a dia eles têm duas mãos esquerdas e até isso eu acho engraçado neles. Olha, eu acho mesmo os homens uma gracinha!

Mas o que mais gosto neles quase não vejo mais: virilidade, no sentido amplo da palavra. A maior parte dos homens que conheço se nega a ser homem de fato, entre eles e com suas mulheres. O que eu chamo de "ser homem", vejam bem, é ser capaz de olhar - e tratar - uma mulher como ela é e não a mera continuidade de suas mães, ou uma buceta a quem eventualmente se pergunta o nome, ou ainda uma trouxa workaholic sem direito à vida pessoal, mas que deixa tranquilo o homem (bom, vamos chamá-lo assim) que convive com ela, afinal, as contas nos restaurantes (já que elas nem cozinhar sabem) serão meiadas.

É óbvio que muitas mulheres, na ânsia de manter um homem pra chamar de seu, se sujeitam a ser só isso, e felizes da vida, afinal como diz o título daquela peça infame com a infame e meia da Zezé Polessa: "Não Sou Feliz Mas Tenho Marido". Ok, a elas o que elas querem: um pseudo marido para uma pseudo mulher.

Mas eu vejo mulheres tão bacanas por aí, com seus romantismos sob controle mas que exigem um tratamento digno, passando por cada situação que eu vou te contar! Me respondam, meninos: por que vocês andam tão cuzões? Covardes, insensíveis (em relação à nós, porque a auto referência que a maioria de vocês tem em doses cavalares os mantém absolutamente sensíveis a tudo que os toca, e mais nada), agressivos, mal educados? Por que vocês não carregam mais as nossas bolsas, não nos abrem mais as portas do carro (a menos que o carro - ou a mulher - sejam novos), não pagam mais as contas nos restaurantes, por que não seguram nossas ondas, não se interessam mais pelo nosso bem estar, mas mesmo assim se acham no direito de criticar nossa comida, nossos cabelos, nossa postura e nossas palavras?

Tudo bem, ser homem não deve ser tão fácil, a pecha de provedor que lhes coube deve ser bem pesadinha de carregar, mas peraí: provedor de quê, se afinal de contas as mulheres trabalham, se bancam, se sustentam e algumas chegam até a sustentar seus homens? Acho uma injustiça vocês argumentarem que a luta pela igualdade entre os sexos foi a responsável pelo descaso que orienta suas atuais atitudes. Alguns chegam a fugir apavorados de mulheres que não ganham o suficiente para dividir as contas, mesmo que o cabelo, a manicure, a depilação, a lingerie e a pele estejam na mais perfeita ordem, e por conta delas - e eu corto o saco do primeiro babaca que me disser que não gosta disso. Eu realmente acho que as feministas extremistas devem ser empaladas em praça pública e mortas com seus mal humores e seus pruridos. Adoro sutiãs e acho uma tristeza que várias tenham queimado os seus, com aqueles bojos que hoje não se fazem mais. Igualdade de cu é rola, sou sexo frágil e assim quero ser tratada!

Me parece que os homens não gostam mais das funções atribuídas à eles. Mas eu gosto das funções "de mulher". Fui educada pra ser uma excelente dona de casa: podem fazer o teste da moeda, ela vai pular no lençol esticadinho de qualquer cama que eu arrumar. Meu arroz é soltinho, meu feijão gordinho e cremoso, sou disposta pras coisas da cama e da mesa - e também pras do banho. Gosto de receber meu homem com a casa arrumadinha e a comida recém feitinha - e uma bela camisolinha. Lavo roupa muito bem e até hoje nunca manchei uma peça. Exijo um homem à altura, e como parecem que eles não existem - o último que eu tive que catapultar pro meu padrão me deu mais trabalho que uma criança limítrofe de quatro anos - me mantenho sozinha, sem dramas. Meus fuck friends me seguram muito bem a onda enquanto abdico solenemente dos meus sonhos românticos de amor de verdade com um homem de verdade.

Sem traumas, sem dramas, sem ressentimentos. Tá tudo bem aqui, meninos, e beleza, tá fácil pra vocês, a mulherada está mesmo descontrolada aceitando qualquer forma de vida - muitas só não dão em cima de carrapatos por não saberem identificar o macho - e a vida segue assim, mudar o mundo não faz parte dos meus planos. Mas é triste, é muito triste ver as cenas que tenho visto, mulheres sendo desrespeitadas noite e dia por homens que elas aturam por pura carência.

Se eu pudesse, sairia distribuindo auto estima por aí, ensinando a essas minas que elas merecem mais, mas não posso. Então cuido do meu, ligo pros meus fuckers nos momentos de perrengue e sigo feliz da vida por ter me livrado de toda dependência masculina, mas me mantendo feminina e muitíssimo bem resolvida.

E que vocês, pseudo homens, se contentem com as pseudo mulheres que lhes pulam no pescoço, porque a tendência é que a grande maioria seja só isso, uma carninha em volta da buceta que se chama... comequié mesmo? Ah, lembrei: MULHER.

Eu, hein?


(*Incrível texto da Fabiana Vajman*)

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