domingo, 30 de janeiro de 2011

Blues é assim, baby


Eu queria ser uma pessoa comum, uma pessoa da rua, uma pessoa qualquer. Blues é querer uma coisa que você não tem. É um desabafo: eu sofro, eu estou ferida. Eu choro gritando. Por que nenhum homem que eu amo gosta de mim? É por isso que eu canto Blues. Porque o Blues é a eterna canção da mulher sozinha, iludida, enganada, esperando..

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Xangô de Baker Street


Ele se divertira silenciosamente com a reação indignada das pessoas diante das poucas linhas de um poema. como é pequena a alma humana. Então não percebem que Maldoror, como ele, nasceu perverso? Chocam-se com a maldade circunscrita à imaginação de um poeta obscuro, no entanto não se comovem com a crueldade que vêem estampada na cidade quando passeiam, alegres, pelas ruelas imundas. O que dirão se souberem que estão na mesma sala com um ser muito mais cruel do que qualquer criação dos livros? provavelmente, se recusarão a acreditar, desviando os olhos, como fazem ao tropeçar nos negros e mendigos sujos que encontram no caminho. Se a paisagem é terrível, feche-se a janela. Para ele, é diferente. Ele se alimenta dessa miséria cotidiana. a desgraça alheia é sempre um balsamo espesso para a sua solidão. O inferno alheio é o seu paraíso. Ele acha graça nos sermões dos padres que sempre sobrepõem o Bem do Mal, como se ambos não fossem as duas faces da mesma pataca. Para ele, o Bem é o Mal. A crueldade, afinal, não passa de um ponto de vista. Chamam de crueldade o que ele faz as putas. porque? Não é diferente do que acaba de ler, buscando inspiração, num manual sobre o trinchar. pega novamente o fascículo pousado a cabeceira e lê os trechos marcados, sussurrando como se fosse uma prece. "Tira-se primeiro a pele. o peito, depois de se lhe tirar as cartilagens, se corta pelas costelas, tomando os lugares que não resistem a faca .. corta-se então a cabeça que se oferece inteira .. o fígado e os rins também serão divididos em pequenos pedaços, para se apresentar aos que gostarem deles .. verifique-se, sempre, o fio da faca de trinchar .."
Ele fecha o livrete e coloca-o cuidadosamente sobre a mesa. em nenhum momento, chamam a este ritual, de crueldade. não é cruel, apenas porque os ANIMAIS IMOLADOS servem de alimento. É esta, portanto, a diferença. COMER. talvez também ele devesse comer. provar, finalmente, a carne das vitimas. a ideia dexa-lhe a boca cheia de saliva. ele pega a adaga afiada e mergulha na noite para saciar seu novo apetite.

(Jô)
'Eu me explico num momento,
E há de entender-me afinal:
Na forma e no pensamento
Sou um ser sexual..."

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

PS3

"Se eu soubesse que era só chamar os meninos pra jogar videogame comigo.Ah, se eu soubesse, meu senhor, minha senhora, meu jovem, a vida teria sido muito mais fácil ao longo dos anos. Fiquei querendo gosto musical, preferência política, querendo que lessem livros e manipulassem vinis, que soubessem se portar – ao menos melhor do que eu, que bebessem e me agüentassem bêbada. querendo gentileza e fuerza. Dormir de conchinha. Cuidar das plantinhas. Arrumei o cabelo, me depilei toda gata, fiz as unhas, me maquiei esse tempo todo – leia-se a vida toda – pra descobrir hoje, aos 31 anos, dia 19/20 de dezembro de 2010, esse ano todo cagado, que os meninos só querem uma coisa na vida: uma garota que queira jogar videogame com eles.

31 anos pra saber isso.

Sou burra? sou desatenta? tô gata?

Bom, demorou. mas ao menos eu desvendei o grande mistério dos homens."

(Clara Averbuck)

sábado, 22 de janeiro de 2011

You've Got To Give Me Some


I want a piece of your good old meat
You gotta give me some, oh give me some
I crave your round steak, you gotta give me some.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

domingo, 2 de janeiro de 2011

Mistério do Planeta


Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso,
Jogando meu corpo no mundo,
Andando por todos os cantos
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas,
Passado, presente,
Participo sendo o mistério do planeta
O tríplice mistério do "stop"
Que eu passo por e sendo ele
No que fica em cada um,
No que sigo o meu caminho
E no ar que fez e assistiu
Abra um parênteses, não esqueça
Que independente disso
Eu não passo de um malandro,
De um moleque do brasil
Que peço e dou esmolas,
Mas ando e penso sempre com mais de um,
Por isso ninguém vê minha sacola.