segunda-feira, 26 de julho de 2010

Oração à Nossa Senhora dos que amam sozinhos

Nossa Sra. dos que Amam Sozinho, perdoa-me pela insistência, nem mais é por tanto quere-la, é por deixar claro, nega que sopra das intimidades dessa oração, que só ela me faz passar da conta, perversa, cair no abismo mais lindo do gozo sem volta, como naquele encosto de beira de estrada, como na rodovia estrangeira de Sam Shepard, crônicas de motel, simbora!

Nossa Sra. dos que só pensam nela, cotovelos lanhados de tanta espera, tantos sustos nas ruas, nos bares, “é ela!!!”, Nossa Sra. Dos Cotovelos da Surpresa e das janelas, tão gastos, cinzas, peles, dobras, e tanta fome de viver aqui dentro, megalomaníaco, épico, terá sido a força do desprezo???

Não creio, sr. Albero Moravia.

É mesmo a paudurescência, nostalgia precoce das grandes histórias, o tempo inteiro, pensando, pensando, pensando, mas no fundo gostas!

Os joelhos lanhados pela romaria, devoção e insistência.

Nossa Sra. da Vida Alongada que consegue, nos seus exercícios de Kama Sutra, me levar à coisa mais sagrada.

Nossa Senhora!!!

Amor demorado, anjo exterminador da alcova sem pílulas milagrosas.

Amor por tê-la, rara.

Beijá-la delicadamente, como um cristão que dissolve na boca uma hóstia.

Amar por horas, riachinhos d´águas que não se sabem donde, cada cantinho dum mapa que se inventou só pra se perder depois, sentimento é a verdadeira bússola dum homem, perdido docemente lá embaixo, lá embaixo, daquelas tuas vestes modernas que nunca te escondem.

Lua cheia, vida crescente.

Escuto Lê Déserteus, Boris Vian, ouviste?.

Nossa Senhora dos que sentem muito e amam sozinho, rogai por nós que recorremos a vós!

(Xico Sá)

Nenhum comentário:

Postar um comentário