sábado, 9 de outubro de 2010

Barroco


Deus, hoje eu resolvi vir direto até Você. E o Senhor sabe o quanto eu choro quando imploro Sua atenção, porque Você nunca cede. Se eu disser que tenho medo, que Te respeito ou que Te amo, não muda. Então, eu Te odeio. Como odeio tudo o que tem acontecido e não posso evitar. A culpa é de alguém? É minha? Então, eu me odeio mais do que tudo. Por favor, me conserta. Não custa nada. Se custar, eu pago. Não vai consertar e eu só vim aqui fazer mais um boletim. Só para Você saber que aqui está tenso e dolorido. Que eu não tenho tempo de cometer pecados e nem de pedir perdão. Que Você é tudo e, ao mesmo tempo, é nada. Se for blasfêmia, desculpa, mas Você precisa ouvir. Acreditar em Você e ser ignorada tem doído tanto quanto perder tantas coisas importantes no mesmo ano (e eu ri disso porque envolve piadas tão internas que só eu e o Senhor sabemos).


Recorrer, fugir, solicitar, pedir. Os verbos mais registrados do meu cérebro. Os verbos que a cada dia odeio mais. Eu vou à fonte do problema e o silêncio me mata. Eu me olho no espelho e a dor me mata. Eu olho para qualquer pessoa e só o olhar dela me mata. Como é o fim? É algo doce como os morangos que eu mergulho no açúcar e como quando não tenho preocupações? É ácido como meu suco preferido? Queima como o fogo que deixei propagar na sala da minha alma?


Se eu voltar as minhas crenças e deixar isto me dividir, Deus, eu faço um pedido e este, eu preciso que seja atendido: me salve quando tudo acabar. Sim, eu sou uma grande filha da puta, mas qual a justiça de me jogar ao inferno depois de tudo? Eu, cheia de feridas, vou arder tanto, queimar e morrer mil vezes mais do estou morta agora. Eu não sei se acredito em Você e no diabo. Mas se quando isto acabar, Você realmente estiver me esperando ou apenas for me encarar para provar que eu estive errada, me salve. Me salve porque eu não consegui e ninguém tentou. Todos falharam. Mas não salve só a mim: salve quem eu amo, quem eu tentei cuidar, quem eu preciso em qualquer vida que eu vá viver. Olha, quem lê esses textos, geralmente, nunca participou destas dores e destes prazeres. Mas e Você? Pode ler tudo, ver tudo e todas as coisas que eu sempre ouvi e, de certa forma, acreditei. Algo em mim tem fé, pequena como minha altura, fraca como meu corpo e esquizofrênica como minha mente. Mas tem fé, isto não é o bastante? A dor que eu tenho não vale algumas moedas de prata? Porra, eu não posso ser irônica nesta conversa, porque Você entende e vai me matar. Eu não sei. É claro que fará o que é certo, o Seu certo que eu nunca entendi. Mas fale comigo, só um minuto de todos estes que o Senhor me negou enquanto eu vivia. Me salve, salve as pessoas, por favor. Que sejam meus atos ou meus textos, mas me salve porque eu nunca soube como é ser salva. Eu sei que não importa o quanto eu implore, é Você quem manda. Mas este foi meu último pedido. E que isto me leve aonde eu mereça estar.


*Tungado do blog da Fê, a futura escritora fodona.
http://motiminterno.blogspot.com

Um comentário:

  1. Sinceramente...uma puta escritora !!!
    Nossaaaaaaaaaaa...amei o texto !!!!
    Parabéns p FÊ !!!! Prá ti tambem Carol por ter escolhido o escrito maravilhosoooooooooo!!!!
    Mil beijos p duas!!!

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